Carlos Manuel López Alvarado, internacionalista da Universidade Nacional Autônoma do México, destaca que a América Latina sempre foi vista como uma área crucial para os interesses estadunidenses. “Historicamente, os Estados Unidos sempre se projetaram para a região latino-americana, e isso sugere um retorno dessa doutrina, agora revisitada para os desafios do século 21”, comenta. Para ele, a ideia de Trump de revitalizar essa política não é apenas uma estratégia de governo, mas também um movimento que busca manter sua imagem e relevância no cenário internacional, caracterizando-se, segundo él, por ser “um anúncio sensacionalista” que visa manter a população atenta ao seu governo.
O analista observa ainda que, apesar de um possível desejo de Trump de reafirmar o controle sobre a América Latina, ele enfrenta limites. A estrutura legal e política das nações latino-americanas não permitirá que os Estados Unidos reestabeleçam um controle como o visto no passado. Isso inclui não só o aspecto político, mas também os interesses econômicos que foram historicamente moldados por intervenções externas.
A Doutrina Monroe, proclamada em 1823, foi um marco que definiu a política externa dos Estados Unidos em relação à América Latina, enfatizando que qualquer tentativa de intervenção europeia na região seria considerada uma ameaça. Com a nova proposta de Trump, surge um questionamento: seria essa uma nova era de influência ou um retorno a práticas do passado que muitos países da região buscam superar? O debate está aberto e promete moldar a dinâmica das relações internacionais nas próximas décadas.