Entre 2017 e 2020, um estudo do Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS) indicou que mais de 6.600 animais foram mortos nesse trecho de 339 km, sendo 316 deles de espécies ameaçadas de extinção, como o tamanduá-bandeira e o lobo-guará. Um levantamento mais recente, realizado pelo Instituto Homem Pantaneiro (IHP), revela que, somente entre 2016 e 2023, 19 onças-pintadas perderam a vida devido a atropelamentos, três delas somente em 2023.
Os atropelamentos tendem a aumentar durante a estação chuvosa, quando muitos animais, em busca de comida, cruzam a rodovia, muitas vezes à noite. Pesquisadores apontam que 80% dos acidentes ocorrem nesse período escuro e 40% envolvem animais de grande porte, que não apenas ocasionam danos aos veículos, mas também elevam o risco para os motoristas.
Alex Bager, coordenador do Centro Brasileiro de Estudos de Ecologia em Estradas, alerta para a seriedade dessa questão. A reprodução lenta de muitas espécies faz com que as mortes de animais tenham consequências duradouras para o ecossistema. Embora o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) tenha implementado algumas medidas, como redutores de velocidade e cercas para direcionar a fauna para passagens seguras, especialistas acreditam que a eficácia dessas ações ainda é limitada.
Estudos apontam que o Brasil perde anualmente mais de 2 milhões de animais de médio e grande porte em suas estradas e ferrovias. Se animais menores também forem contabilizados, esse número salta para impressionantes 450 milhões. O chamado “custo ambiental” dessa mortalidade é avassalador, tanto para a biodiversidade quanto para a conservação de regiões críticas como o Pantanal, um dos biomas mais ricos do planeta. A necessidade de uma abordagem mais eficaz para a proteção da fauna e a segurança viária é mais urgente do que nunca.